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O QUE ACONTECEU COM AS AÇÕES DA NVIDIA

A Nvidia acabou de responder a todo o papo de “bolha de IA” com um resultado que parece mais lançamento de foguete do que balanço trimestral. Depois de semanas de manchetes sobre China, ruído político nos EUA e venda forçada via opções, o mercado vinha precificando um trimestre de “digestão”: crescimento desacelerando, guidance mais cautelosa, múltiplo comprimido. Em vez disso, a companhia entregou US$ 57,03 bi de receita, US$ 51,2 bi em Data Center, 75% de margem bruta non-GAAP e uma guidance de cerca de US$ 65 bi para o Q4 que reabriu a discussão sobre o tamanho real do superciclo de IA. A ação subiu mais de 7% no after hours, negocia a US$ 153–154 no pré-market e a capitalização de mercado voltou a ultrapassar US$ 5 tri. A seguir, organizamos a história completa — da queda ao rompimento — em linguagem de investidor, com um toque de meme trader, mas sem perder o rigor de planilha de Excel.

Da queda ao rompimento


Para entender o que aconteceu com as ações da Nvidia, faz sentido dividir o filme em dois atos. No Ato I, o papel comemora o marco de US$ 5 trilhões em valor de mercado e novos recordes de preço, antes de entrar numa sequência de correções puxadas por manchetes sobre China, barulho político em Washington e dinâmica de opções. No Ato II, chega a noite de 19 de novembro de 2025: o resultado do Q3 FY2026 não só frustra a tese de “desaceleração”, como praticamente “zera” a narrativa de que o ciclo de investimentos em IA estaria no pico.


Do fechamento a US$ 5 tri ao nervosismo pré-balanço


No fim de outubro, a Nvidia parecia intocável. A ação fechou pela primeira vez com valor de mercado acima de US$ 5 trilhões, encerrou a semana em torno de US$ 208 e, alguns dias depois, marcou novo all-time high. No Reddit, o varejo já tinha carimbado a empresa como o “AI king forever”. A maré começou a virar quando o South China Morning Post publicou que Pequim havia, discretamente, proibido chips de IA estrangeiros em data centers estatais — a regra estava enterrada em um documento de 47 páginas, mas algoritmo só lê manchete. Na manhã seguinte em Nova York, o papel já caía cerca de 4%.


Horas depois, a Reuters citou o Departamento de Comércio dos EUA confirmando que as GPUs Blackwell continuavam, “neste momento”, na lista de exportação restrita para a China. Em termos de fundamento, a China é cerca de 5% da receita de Data Center — dígito único baixo no consolidado —, mas, para uma empresa negociada a múltiplos premium, basta um pouquinho mais de ruído regulatório para o mercado reprecificar risco. Em paralelo, surgiu ruído político: o Wall Street Journal noticiou que a equipe de transição de Trump teria dito às agências que não haveria “bailout para a indústria de IA, ponto”.


Enquanto isso, as boas notícias “micro” da Nvidia tinham efeito curto. O press release anunciando que Samsung, Deutsche Telekom e Nokia iriam rodar workloads de 5G+IA em Blackwell gerou um repique pós-fechamento de cerca de 1%, mas esse ganho sumiu rapidamente no pregão seguinte. A mensagem implícita era clara: o macro-narrativo (China, política, risco regulatório) pesava mais do que as vitórias comerciais pontuais.


Fluxo de opções, sympathy moves e a queda de novembro


Por baixo da superfície, o que realmente mudava o ritmo era o mercado de opções. O volume de puts explodiu, especialmente em contratos de curto prazo concentrados na faixa de US$ 195–188. Os dealers que tinham vendido essas puts entraram num regime clássico de gamma negativa: conforme a ação caía, precisavam vender ainda mais ações ou futuros para ajustar a delta, o que alimentava mais queda. O resultado é o efeito “bola de neve”: manchetes moderadas geram movimentos de preço desproporcionalmente grandes.


Ao mesmo tempo, o resto do complexo de IA começou a sangrar. A CNBC destacava quedas de 5–7% em AMD, Broadcom e Marvell no mesmo dia — sinal de que gestores estavam reduzindo risco em todo o “stack” de IA: aceleradores, redes, memória. Quem estava em cestas setoriais vendeu o pacote inteiro; fundos de valor relativo reduziram posições long Nvidia / short pares; ETFs e índices seguiram o fluxo. A Nvidia, que tinha encostado em ~US$ 212, foi escorregando para baixo de US$ 192 e testando a faixa alta dos US$ 180.


No meio de novembro, a ação acumulava queda de cerca de 18% em relação ao topo de outubro e algo em torno de 8% no mês que antecedeu o balanço. Não era um colapso, mas o suficiente para que a narrativa “essa história é à prova de balas” fosse trocada por “talvez o ciclo esteja virando”.


Do que o mercado realmente tinha medo?


Às vésperas de 19 de novembro, a história de consenso soava assim: o boom de infraestrutura de IA foi incrível, mas a física vai aparecer. Controles de exportação prejudicariam a demanda por Hopper; clientes pausariam pedidos à espera de Blackwell; a nova arquitetura comprimiria margens; comitês de capex voltariam a descobrir a palavra “orçamento”. Nesse cenário, a Nvidia nem precisava entregar um desastre para sofrer: bastava um trimestre “normal”, com guidance menos agressiva, para justificar compressão de múltiplo.


Em outras palavras, o mercado não esperava, necessariamente, um tombo de receita; esperava um achatamento da curva de crescimento. O fechamento em US$ 144,86 no dia do balanço dizia mais sobre a recalibração de expectativas do que sobre qualquer colapso de demanda. Era como se o mercado tivesse decidido: “gosto da história, mas já precifiquei muita perfeição”.


Checklist pré-resultados


  • Posicionamento: alto peso de varejo, quant e estratégias de opções deixavam a ação hiper sensível a choques de narrativa.


  • Valuation: US$ 5 tri em valor de mercado significavam que o mercado já “pagou antecipado” uma década de capex em IA.


  • Regulação & política: regras de exportação e retórica política sobre IA adicionavam uma camada extra de prêmio de risco às taxas de desconto tradicionais.


  • Tape setorial: fraqueza em outros nomes de IA sugeria desmonte de risco amplo, não um problema idiossincrático da Nvidia.


  • Whisper expectations: oficialmente se esperava força; nos bastidores, crescia a aposta em “primeiro trimestre de desaceleração”.



Esse era o pano de fundo. A reação violenta ao Q3 FY2026 ficou bem mais fácil de entender quando os números mostraram não um pouso suave, mas uma nova aceleração.


O choque dos resultados


Na noite de 19 de novembro de 2025, a Nvidia entregou exatamente o que os bulls esperavam — só que em um nível que nem eles tinham coragem de colocar abertamente no modelo. O Q3 FY2026 foi um print de “all clear” para o superciclo de IA: receita e lucros acelerando, margens intactas, guidance acima do consenso e um call que desmontou, ponto a ponto, os pilares da tese baixista que crescia em novembro. Nesta parte, destrinchamos os números, a guidance e as falas de Jensen que fizeram a ação explodir no after hours.


Q3 FY2026 em números


Começando pelo topo: a receita do Q3 ficou em US$ 57,03 bilhões, alta de 62% ano contra ano e 22% trimestre contra trimestre. O consenso estava perto de US$ 54,8–55,3 bi, o que significa um beat de cerca de US$ 2 bi em cima de expectativas que já eram elevadas. Em uma empresa que já vale trilhões e lidera o tema de IA, esse tipo de crescimento é tudo, menos trivial.


No coração do case, o segmento de Data Center entregou US$ 51,2 bi de receita, crescimento de 66% em 12 meses e 25% na comparação sequencial. Isso corresponde a aproximadamente 89,8% da receita total. Gaming, Automotive e Pro Viz ainda existem, mas, para efeito de valuation, viraram praticamente “ruído de arredondamento”. O dado-chave para o mercado era simples: hyperscalers, empresas e governos continuam montando infraestrutura de IA em larga escala? Os números respondem com um sim em letras maiúsculas.


Do lado do lucro, o EPS non-GAAP foi de US$ 1,30, cerca de US$ 0,04–0,05 acima das estimativas. O lucro líquido GAAP chegou a US$ 31,92 bilhões, alta de aproximadamente 65% ano contra ano. A margem bruta non-GAAP ficou em impressionantes 75,0%, estável em relação ao trimestre anterior e cerca de 160 pontos-base acima do mesmo período do ano passado — tudo isso enquanto a arquitetura Blackwell, teoricamente com margens iniciais menores, começava a ganhar peso no mix.


As despesas operacionais foram de US$ 4,83 bilhões, subindo apenas 18% ano contra ano. Traduzindo: a receita cresce a 62%, o lucro cresce ainda mais rápido e o custo fixo anda devagar. A alavancagem operacional continua em modo “deus do Excel”.


Guidance de Q4: reescrevendo o roteiro


Se o Q3 já teria sido suficiente para acalmar o mercado, o que realmente mudou a história foi a guidance. Para o Q4 FY2026, a Nvidia projetou receita de US$ 65,0 bilhões ±2%, com midpoint em US$ 65 bi. Isso implica crescimento ano contra ano de cerca de 94% e alta sequencial de 14%. O consenso estava próximo de US$ 62,5–63 bi. Em vez de “confirmar” um cenário de consolidação, a empresa aumentou a barra mais uma vez.


Pelos dados de segmento e comentários no call, o mercado infere que o Data Center no Q4 ficará na faixa de US$ 59–60 bi, enquanto muitos modelos apontavam para US$ 56–57 bi. Em termos práticos, isso significa que os grandes clientes não estão pausando para esperar Blackwell; estão comprando Hopper e Blackwell ao mesmo tempo. Não há buraco de pedidos entre gerações, mas sobreposição de demanda.


Jensen Huang foi didático na call: “A demanda por Blackwell está fora da curva.” “As GPUs para provedores de nuvem estão esgotadas pelos próximos 12 meses.” “Estamos em rampa total de produção de Blackwell — esperamos bilhões em receita neste trimestre e dezenas de bilhões no próximo.” Em tradução livre para o dialeto de Faria Lima ou Av. Paulista: não só o ciclo não acabou, como 2026–2027 parecem maiores do que quase todo mundo tinha ousado colocar no Excel.


Detonando a tese baixista


Antes do resultado, a tese dos bears se apoiava em quatro pilares: risco China, pausa de clientes antes de Blackwell, compressão de margens na nova arquitetura e a ideia de que o capex em IA estava “no topo”. O combo Q3 + guidance tratou de serrar cada um deles, praticamente em tempo real.


  • Exposição à China: a gestão reiterou que a China responde por cerca de 5% da receita de Data Center — dígito único baixo no consolidado. Importante taticamente, irrelevante estrategicamente para a tese de longo prazo.


  • Pausa pré-Blackwell: na prática, clientes não estão cancelando Hopper para esperar Blackwell; estão rodando as duas gerações em paralelo, de acordo com workload, região e cronograma de projeto.


  • Medo de margens: mesmo com a rampa de Blackwell, a margem bruta non-GAAP se manteve em 75% e ainda subiu ano contra ano, indicando que sistemas completos, redes e software compensam qualquer pressão de custo unitário.


  • “Bolha” de capex: com Q4 guiado para ~94% de crescimento e executivos dizendo que os grandes cloud players vão gastar mais em 2026 do que em 2025, a tese de estouro iminente parece mais postagem de fórum do que modelo sério.



Sovereign AI, sistemas e livro de pedidos


Outro trecho do call que chamou atenção foi a parte de Sovereign AI — projetos de governos e instituições nacionais construindo infraestrutura própria de IA. Segundo a Nvidia, o pipeline anualizado desse segmento já supera US$ 20 bilhões, contra algo em torno de US$ 10 bilhões há um trimestre. Em linguagem de investidor: o “cliente Estado” dobrou de tamanho em três meses, e esse cliente costuma pensar em horizontes de 5–10 anos, não em trimestres.


Nos sistemas completos, o quadro é ainda mais agressivo. Os racks Blackwell NVL72 e NVL144 estão praticamente esgotados para a maior parte de 2026. O problema, portanto, não é “terá demanda?”, mas “quão rápido conseguimos produzir e entregar, dadas as limitações de energia, refrigeração e espaço em data centers?”. Entre os nomes citados, Meta encomendou cerca de 350 mil GPUs Blackwell para entrega em 2026; a Tesla, via projeto Dojo, também será grande cliente, com Elon Musk falando em gastar US$ 3–4 bi com a Nvidia no ano que vem. Os superchips Grace-Blackwell já estão sendo enviados a todos os grandes provedores de nuvem.


Como a ação reagiu


A fita respondeu na hora. Em 19 de novembro, no pregão regular, a Nvidia fechou a US$ 144,86 — já em alta no dia, mas ainda bem abaixo dos picos recentes. Depois da divulgação, no after hours, a ação chegou a subir 7,1%, tocando US$ 155,18 no pico das negociações estendidas. No pré-market da manhã seguinte, girava na faixa de US$ 153–154, algo como 6–6,5% acima do fechamento anterior.


Mais simbólico ainda foi o retorno ao clube dos US$ 5 trilhões. Com base nas cotações do pré-market, a Nvidia valia cerca de US$ 5,07 trilhões — não mais apenas por “história”, mas com uma base de lucro e backlog que justifica o número em planilha. A queda de novembro (cerca de −8% até o dia do balanço, aproximadamente −18% desde a máxima de outubro) foi, na prática, apagada em uma noite. É um padrão que quem acompanha o ticker já viu antes: compressão antes do evento, reprecificação violenta com o resultado.


Cinco números que mudaram a história


  • US$ 57,03 bi de receita no Q3, +62% ano contra ano, +22% sequencial, cerca de US$ 2 bi acima do consenso.


  • US$ 51,2 bi em Data Center, +66% ano contra ano, +25% trimestre contra trimestre, quase 90% da receita total.


  • 75,0% de margem bruta non-GAAP, estável vs. Q2 e +160 bps vs. ano anterior, mesmo com a rampa de Blackwell.


  • US$ 65 bi ±2% de guidance para o Q4, ~94% de crescimento anual e ~14% sequencial, vários bilhões acima do que o mercado esperava.


  • Valor de mercado novamente acima de US$ 5 tri, agora apoiado em geração de caixa real, não só em narrativas.



Não foi um trimestre de “sobrevivemos”. Foi um trimestre de “aceleramos”. Essa diferença é tudo quando se está tentando responder se o superciclo de IA está no fim ou no meio do caminho.


Ações da NVIDIA: ainda representam uma oportunidade ou estão sobrevalorizadas?

Ações da NVIDIA: ainda representam uma oportunidade ou estão sobrevalorizadas?

O que isso significa agora


Com o Q3 FY2026 na conta, a resposta para “o que aconteceu com as ações da Nvidia?” é bem diferente daquela de uma semana atrás. Um movimento de realização puxado por medo regulatório e dinâmica de opções foi confrontado com um resultado que reforça — e prolonga — o superciclo de IA. Nesta parte final, o foco é nas implicações: como isso redesenha o ciclo de investimento, quais níveis e cenários passam a guiar conversas e como diferentes perfis de investidor podem enquadrar risco e oportunidade daqui para frente.


O superciclo de IA, turbinado


Antes deste trimestre, era razoável dizer que o boom de infraestrutura de IA era poderoso, mas frágil. Concentrado em poucos hyperscalers, exposto a política americana e a juros globais, dependente de conselhos de administração que, a qualquer momento, poderiam puxar o freio. Depois deste trimestre, esse argumento perdeu força. Hyperscalers indicam que vão investir mais em 2026 do que em 2025. A pipeline de Sovereign AI dobrou em um trimestre. Racks completos de Blackwell estão vendidos para boa parte de 2026. Esses são sinais de meio de ciclo, não de fim.


Para a própria Nvidia, a boa notícia é que esse crescimento não está vindo à custa de margens. Margem bruta em 75%, despesas operacionais crescendo menos que a receita, camadas adicionais de sistemas, software e redes em cima do silício. Em outras palavras, cada dólar incremental de Data Center tem alta qualidade de lucro. Se nos próximos trimestres as margens de Blackwell se mostrarem ainda melhores do que o mercado hoje embute, este Q3 pode ser lembrado como o momento em que a curva de lucros de longo prazo foi “erguida” para cima.


Curto prazo: níveis, fluxo e cenários


No curto prazo, a conversa se volta naturalmente para níveis de preço. Com a ação chegando a cerca de US$ 155 no after hours e transitando em US$ 153–154 no pré-market, muitos traders já desenham a faixa de US$ 160–170 como próximo “ímã”, especialmente se os dealers de opções ficarem short gamma para cima e precisarem comprar em rali. Olhando um trimestre à frente, ver a Nvidia testando US$ 200+ antes do próximo resultado deixou de ser delírio de fórum: virou cenário plausível, condicionado a Blackwell entregar e as margens continuarem firmes.


Nada disso é garantido, claro. Um choque macro, uma nova rodada de restrições de exportação, problemas na cadeia de suprimentos (especialmente em rede, energia ou refrigeração) ou um movimento agressivo de concorrentes podem transformar uma rampa suave em serrilhado. Mas o cenário base do mercado mudou: em vez de “talvez o topo já tenha passado”, o default virou “esse ciclo é mais longo e forte do que o modelo tinha”. Isso muda a disposição a pagar múltiplos altos e a tolerância a volatilidade em nomes ligados à IA.


Um playbook prático (não místico)


Dado esse novo quadro, como diferentes tipos de investidores podem olhar para a Nvidia sem cair em exageros — nem de euforia, nem de pânico?


  • Investidor fundamentalista de longo prazo: pode enxergar o combo Q3/Q4 como confirmação de que o ciclo de infraestrutura de IA se estende, com força, até pelo menos 2026–2027. O foco deveria estar em volumes, backlog, gargalos de oferta, mix geográfico e participação de software, não no candle do dia. Faz mais sentido construir posição em fases e usar correções ligadas a ruído político ou a opções como oportunidades graduais do que perseguir cada alta vertical.


  • Alocadores setoriais e macro: precisam reconhecer que a Nvidia reancorou todo o tema de IA. Estar estruturalmente underweight em aceleradores, redes e plays adjacentes agora é uma escolha ativa, não inércia. Ao mesmo tempo, concentrar risco demais em um único nome de US$ 5 tri também é perigoso. Tamanho de posição, correlação e liquidez importam tanto quanto a tese.


  • Traders de opções e curto prazo: cada resultado da Nvidia virou um mini evento macro. Volatilidade implícita, skew e estrutura a termo vão refletir tanto o FOMO quanto o medo de reversal. Em vez de calls/puts nus, estruturas como call spreads, calendários e diagonais, com risco definido, tendem a fazer mais sentido em um ativo com tanta assimetria e tanta atenção.


  • Varejo “compro o dip”: este resultado validou bem mais a sua tese do que o seu timing. A pergunta deixou de ser “IA é real?” e passou a ser “quantos % de Nvidia você aguenta na carteira antes de perder o sono?”. Diversificar dentro do tema (outros semicondutores, cloud, infra de rede, alguns nomes de software) continua sendo saudável, mesmo que a Nvidia pareça o GOAT do momento.



Riscos que continuam valendo


É tentador, depois de um trimestre desses, declarar “jogo ganho” e achar que a ação só vai em linha reta. Seria um erro. O Q3 jogou fora muitos medos de curto prazo, mas não removeu riscos estruturais. Export controls ainda podem apertar. Clientes grandes continuam desenvolvendo chips proprietários, que podem, aos poucos, disputar orçamento. Infraestrutura de energia, refrigeração e espaço físico para data centers pode virar o gargalo real do rollout de IA em alguns países.


Existe também a matemática simples do tamanho. Em uma empresa de mais de US$ 5 trilhões, a ação não precisa “errar feio” para entregar drawdown pesado; basta que o crescimento, em algum momento, seja apenas alto em vez de excepcional, e o mercado decida pagar um múltiplo um pouco menor. O fato de o superciclo seguir vivo não significa ausência de quedas de 20–30% no caminho — apenas aumenta a probabilidade de que, no retrovisor, elas pareçam oportunidades, não fim de jogo.


Uma conclusão nova para a mesma pergunta


Então, afinal, o que aconteceu com as ações da Nvidia? Na versão curta, elas seguiram o arco clássico de sentimento. Primeiro, a euforia de um novo recorde de preço e do marco de US$ 5 trilhões. Depois, uma fase de nervosismo alimentado por manchetes sobre China, política e fluxo de opções, que derrubou a cotação e fez muita gente sussurrar que o topo do ciclo de IA poderia ter ficado para trás. Por fim, um Q3 FY2026 que trouxe US$ 57 bi de receita, margens de 75%, guidance explosiva para o Q4 e uma narrativa clara de que 2026–2027 podem ser ainda maiores do que 2025.


Na versão longa, mais estrutural, a Nvidia saiu da categoria “história bonita com bons números” para “números massivos que sustentam uma história robusta”. O superciclo de IA não parece ter acabado antes de começar; ao contrário, parece maior e mais longo do que a maior parte do mercado supunha no início do ano. Isso não garante uma trajetória suave de preço, nem anula riscos. Mas, pelo menos por enquanto, o mercado recebeu uma resposta relativamente clara: não, não estamos vendo o estouro da bolha; estamos no meio de um ciclo em que fundamentos e narrativa ainda andam na mesma direção.


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